Mercado I Relação de códigos abertos
Novo caminhos podem ser melhor explorados por quem compreende a complexidade dos códigos abertos dessa cultura, que adquirem significados distintos, conforme avança a sociedade em seus valores, desejos e ambições.
A expansão do mercado no Brasil colocou para as empresas a necessidade de estreitar o relacionamento com o público externo e evitar a dispersão de seus clientes. Se antes era mais fácil garantir a fidelidade entre fornecedor e consumidor, devido às limitações conjunturais e econômicas, hoje não existe mais barreira que dificulte novas experiências de quem está em busca de novidades, preços baixos e bom atendimento.
Em síntese, isso quer dizer que o mercado está muito mais diversificado e o público consumidor se vê livre para fazer suas escolhas, diante de uma infinidade de possibilidades de produtos, crediários, facilidades de acesso e realizações.
Se por um lado a relação entre fornecedor e consumidor se tornou tênue, por outro, abriu-se espaço para o desenvolvimento de uma nova cultura, que visa ampliar a atratividade da empresa e torná-la mais convidativa aos potenciais clientes. Ou seja, o que era determinante na genética do mercado, impondo uma relação linear de compra e venda, tornou-se relativo e não há mais um caminho predeterminado a seguir.
Esse novo ambiente pode ser melhor explorado por quem compreende a complexidade dos códigos abertos dessa nova cultura, que adquirem significados distintos, conforme avança a sociedade em seus valores, desejos e ambições. Conforme se formam novos nichos.
Há sim nessa questão o peso da subjetividade e a força do indivíduo, que alcançou seu pleno direito de decidir. A empresa, portanto, precisa dialogar com esse consumidor e tentar compreender a importância que o produto ou serviço tem para ele. E buscar satisfazer suas exigências, respeitando sempre os limites dos custos e benefícios. Sem se esquecer que essa relação pode ser reformulada permanentemente, com a ajuda da criatividade.
Usemos um exemplo prático para ilustrar o raciocínio. Uma empresa brasileira de guarda-chuva estava à beira da falência por não ter condições de concorrer com os produtos chineses, que passaram a chegar no país em volume assustador e preço muito menor que o nacional. Obviamente, o consumidor preferia pagar mais barato.
Estudos realizados pela empresa brasileira para enfrentar a situação não foram no sentido de produzir algo mais barato, e sim, encontrar um novo produto, que cumprisse a função do guarda-chuva e trouxesse valores diferentes aos consumidores. Melhorou o design, a qualidade da estrutura, extrapolou o monotom com cores vibrantes e ilustrações ricas e caprichou na embalagem. Moral da história: O consumidor aprovou os guarda-chuvas modernos e passou a consumi-los, mesmo pagando mais caro.
Estava ali caracterizado um desejo escondido do consumidor de ter um guarda-chuva que fosse mais que um simples protetor contra a chuva. E alcançasse a condição de objeto de decoração, de desejo, com requinte que agregasse significados. O passo foi certeiro. A empresa passou também a investir em novos modelos de protetores solares para empresas. Reverteu a situação. Recuperou a lucratividade e bem longe da ameaça chinesa.
Mas para isso, teve que demonstrar ser capaz de decifrar os códigos abertos da cultura de mercado. Capacidade que exige cada vez mais especialistas em tendências e necessidades subjetivas, que se revelam no público depois que o novo chega e lhe abre a porta para a percepção.
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